COISA DE ATOR

 

...na esquina de casa tinha uma turma, alucinada, numa euforia desenfreada, em frente a um teatro, era um teatro gigante, um teatro onde tem uma peça, uma peça bem feita, um peça moderna, o teatro foi construído recentemente, e na frente dele, na hora que eu estava passando, tinham essas pessoas, eufóricas, era o fim da peça, todos lá fora e também o ator, as pessoas o rodeavam, eu passei e o reconheci, o conhecia, já havíamos trabalhado juntos, fingi que não o vi, mas já o tinha visto, e eu fiz isso achando que mesmo que ele me visse, iria parar de ser assediado, iria dar pause para me assediar, eu pensei isso, mas, talvez ele parasse... Em fim, no lugar onde vivo, todos se conhecem, e todos de repente podem começar a gostar de você, mesmo sem gostar, quer dizer, nada muda, ninguém nunca vai gostar realmente de você, a não ser que você tenha um filho e o crie bem, mas, se for ser legal ser seu amigo, se for bacana estar perto de você, a sensação será das melhores e mais vazias, mas será bom, talvez você transe mais facilmente e com atrizes de TV, teatro, cinema, topmodels, todas elas, você terá um "manager" essa pessoa vai gerenciar sua vida, dizer com quem você vai andar, com quem você deve falar e como se vestir, tudo isso, talvez, nada garante tudo, e as lacunas estão ali, sempre ali.
É, eu acho que as vezes essa classe de artista cansa, mas não pode falar, a minha classe pode, eu fico parado muito tempo, vivo com pouco, trabalho sempre que posso, aproveito para escrever, sempre parado, mas essa outra classe, não pode parar, fazendo um comparativo é como se o Brasil dissesse que quer dar um tempo, hum... esse exemplo não foi tão bom, ele já está relaxando faz tempo... mas imagine as grandes potências, imagine a China dizendo: quero dar um tempo! coisa rápida, um ano sabático e eu volto... não dá!... Voltando ao assunto do ator e da turma eufórica, eu acabei passando por ele, não me viu, fiz o estilo camaleão, esse ninguém pega, é imperceptível, achei que tivesse escapado, mas mais a frente... tinha outra atriz, meu Deus! como eu faria? ela era das boas, eles são bons, os dois realmente bons, mas eu não sou desses, não dou sorrisos fáceis apesar de rir bastante, sei lá, eu sou estranho, bom, nós já tínhamos trabalhado juntos, e eu a vi, rodeada de pseudo fãs, sendo ovacionanda, ela nem estava na peça, foi ali que eu vi o quanto ela é boa, boa mesmo, ganhou dois prêmios máximos a pouco tempo, grande atriz, querida, quando me viu, sorriu um sorriso largo, ela acenou, jogou beijos, eu pensei em ir até ela, mas, eu não sou realmente bom, acho que não, ainda não, talvez.

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