
...minha cabeça ta me matando, com dinheiro no banco, vivendo do trabalho, momento bacana, figurando entre velhos palhaços, atendo ao que me chamam, mas parece pouco o que faço, quero mais, não é desejo, é questão, preciso, já consigo ouvir o tic tac da vida me chamando pra brincar, se aproximando, o relógio não acelera, mas o som é ensurdercedor, ouço os que estão próximos, mas entre nós há espaço, um vão, onde passa tanta coisa, onde tantos se perdem, fui parar em outro planeta, sentia estagnado, fui, precisando de mais, essa folga entre mim e o mundo quando tento abraça-lo, me fez querer recomeçar, mas não do começo, daqui pra frente, flertando com as mudanças bruscas de direção, mudar os hábitos, espancar meu anjo da guarda, parar com a erva, mas nunca fumar tabaco, esses filhos da puta já me tomam dinheiro suficiente, preciso preencher, esse vazio e não mais os pulmões, e parar de beber, esse líquido incolor nefasto, uma forma bonita de dizer, cachaça do inferno! Que me faz pensar, sacolejar, me toma em seus braços, rodopiamos noite adentro, vemos a lua deitar sobre o sol, e me abandona na sarjeta, meu conforto, no fundo do poço de mim, no avesso do avesso, onde o feio é bonito e água é lodo, essa raiva que não passa, a culpa, não dela, nem da rua, saio do prumo sem sair de casa, preciso aprender a prestar atenção, em quem me atenta, quem pelo menos tenta, acho que nasci com raiva, acho que é isso, eu, disposto a ser um cara legal, sendo pressionado a ser um babaca, protocolos que só enchem o saco, burocracias que não levam a nada, não me vencerão, é só passar essa raiva, é só passar...
Rollmopis